"Procuro sinais de algum amor teu. Vestígios de noites passadas. Tu não me vês, estou incógnita a te observar. Como sempre estive, olhando , de longe, coração apertado. [...], e eu te olho atenta, numa tentativa indisfarçável de gravar o momento e guardá-lo comigo até o fim dos meus dias. [...] Bato minhas asas em retirada. Tu dormes, e nos teus sonhos mais secretos, não posso entrar. Embora queira. À distância, permaneço te contemplando. E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro. Porque tu és o único que habita a minha solidão."
Caio Fernando Abreu